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Psicóloga Cecília Weiller

Reflexões sobre "13 Reasons Why"


Antes tarde no que nunca, não é mesmo? Finalmente decidi escrever sobre a série “13 Reasons Why”. Eu terminei de ver a séria já faz alguns dias, mas admito que fiquei pensando bastante antes de colocar no papel minhas impressões e opiniões. A série é inegavelmente tocante, mesmo para aqueles que não viverem nem de perto os dramas vividos pela personagem Hannah.

Então, vamos lá! Mas ó, se você ainda não viu a série toda, sugiro que veja antes de continuar lendo, ok? Não quero estragar a sua experiência.

Agora, se você não ainda sabe sobre o que se trata a série, "13 Reasons Why" conta a história de Hannah, uma adolescente que comete suicídio e grava 13 fitas explicando os motivos pelos os quais ela decidiu tirar a própria vida. Essas fitas deverão ser entregues a todos aqueles que ela considera seus "motivos". Durante a trama, os detalhes da vida de Hannah e de seus amigos vão sendo expostos a nós telespectadores, bem como os seus segredos.

Eu gostei bastante da série, ela prendeu minha atenção e me fez ficar super curiosa pra saber o que iria acontecer depois. Mas claro que essa é minha opinião como telespectadora. Eu estava vendo como um passatempo. E para isso, a série cumpre seu papel muito bem!

Agora, será que ela também cumpre o papel de conscientizar as pessoas sobre temas importantes, como: bullying, estupro e suicídio? Responder essa pergunta já não me parece tão fácil assim.

Com certeza, o roteiro da série tem aquele poder de fazer com quem está assistindo se identificar de alguma forma. Seja na pele de quem já sofreu algum tipo de bullying, como também com aqueles que já praticaram atos como esse. A história mexe com nossos sentimentos, com nosso passado e também com nosso presente – por que não?

Minha dúvida, no entanto, é qual o efeito que ela faz em quem está em estado depressivo. A depressão é um transtorno mental e tem como principal sintoma o sentimento de vazio. Diferente do que muitos pensam, a pessoa que está convivendo com a depressão não se sente muito triste. Na maior parte das vezes, ela não sente absolutamente nada. É um estado de vazio, de não sentir e de desesperança de que aquilo pode mudar, e que ela possa melhorar. Por isso, o suicídio tem grande relação com a depressão. Muitos acabam vendo na morte uma possível solução para esse sentimento de “nada”, que é muito angustiante e desesperador, em alguns casos.

Então, voltando a falar sobre “13 Reasons Why”, me pergunto: será que série irá conseguir trazer de volta, para aqueles que a estão assistindo, o sentimento de esperança ou irá funcionar como um “gatilho” para que eles tomem a – horrível – decisão de tirar a própria vida?

Admito que estou mais propensa a ficar com a segunda opção...

Mais uma vez, a série é boa! Mas eu, que não estou em estado depressivo, me senti muito mal quando terminei de vê-la, fico imaginando como foi essa experiência para um jovem, ou até mesmo um adulto, que está em depressão e não tem uma rede de apoio para ser acolhido.

Hannah deixa bem claro no final da trama que ela iria tentar mais uma vez pedir ajuda, mas em nenhum momento ela fala abertamente sobre isso com as pessoas próxima a ela, como seus pais ou amigos. De certa forma, a impressão que fica é que ela já tinha tomado sua decisão e precisava de um “empurrãozinho” para justifica-la. Não faça como a Hannah. Não siga por esse caminho. Fale abertamente sobre como está se sentindo. Se não for com sua família ou amigos, que seja como alguém treinado para isso, como uma psicóloga ou outro profissional de saúde mental.

E outra coisa, além do suicídio, a série traz outro tema importantíssimo! Se você sofreu abuso sexual, denuncie! Jessica e Hannah foram vítimas de pessoas próximas, que elas consideravam “amigos”. Esse cenário, infelizmente, é mais comum do que se imagina. A maioria dos casos de estupro acontecem dentro de casa. O medo e, principalmente, a culpa e vergonha fazem com que a vítima se cale diante de uma violência tão grande como essa.

Hannah, assim como muitas e muitos, foi vítima de um ambiente social hostil. Ela foi se perdendo aos poucos e, infelizmente, não conseguiu sair sozinha do buraco em que se encontrava.

Então, se você se identifica com ela ou conhece alguém que vive ou viveu situações semelhantes, não se cale. Fale, busque ajuda! Lembre-se que você é especial, amado e sua vida vale muito!

E se quiser conversar mais sobre isso, fale comigo!!

Mas caso queira algo mais sigiloso, entre em contato com o CVV – Centro de Valorização da Vida. Lá tem um monte de profissionais treinados para lidar com situações de crise, que irão te ouvir e te ajudar a passar por essa fase difícil da sua vida.

Ligue 141 ou acesse o site: http://www.cvv.org.br/

O importante é não deixar pra lá. A sua vida deve ser sempre sua prioridade, ok? :)

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